terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A deputada Bruna Furlan

Revista Veja. 8.out.2010 | Atualizada em 7.dez.2010 por Giuliana Bergamo e Mariana Barros

A deputada federal eleita Bruna Furlan é outra que está na seleta lista de jovens bem-sucedidos. Aos 27 anos, a moça franzina com jeito de bonequinha e vozeirão de bispa evangélica — ela faz parte da Congregação Cristã no Brasil — recebeu 270 661 votos. Só ficou atrás do palhaço Tiririca (1 353 820 votos) e do atual vereador Gabriel Chalita (560 022 votos). Em comum, eles têm também a formação — todos são bacharéis em direito — e a filiação ao PSDB. “Os três desfrutam uma das qualidades mais importantes para se dar bem em eleições proporcionais: a notoriedade de seus parentes”, diz o cientista político e marqueteiro Antonio Lavareda.

A mais mocinha do trio, Bruna, é filha de Rubens Furlan, prefeito pela quarta vez de Barueri, na Grande São Paulo. “... minha filha é bem mais controlada do que eu.” Formada pela Universidade Paulista “há uns quatro ou cinco anos”, Bruna diz que ainda não prestou o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas pretende fazer a prova. É a única dos quatro irmãos que segue os passos do pai. Os dois estão, no entanto, em partidos diferentes. Ele é do PMDB. “Foi o Serra quem conversou com meu pai para que eu ingressasse no partido, e achamos que seria bom”, conta. Seu primeiro cargo político será também seu primeiro emprego fixo — só trabalhou uma vez, nas vésperas de Natal, em uma loja de roupas, como faziam as amigas. Atualmente, vive com a família em Alphaville. “Acho que estou preparada para controlar o salário alto que receberei a partir do ano que vem”, afirma, referindo-se aos 16 500 reais mensais a que terá direito.

BRUNA FURLAN - 270 661 votos
(Foto: Fernando Moraes)

Idade: 27 anos

Patrimônio declarado: diz não ter bens História política: nunca ocupou cargos públicos

Por que conquistou tantos votos: é filha de Rubens Furlan (PMDB), prefeito pela quarta vez de Barueri, na Grande São Paulo. Seu ingresso no PSDB foi articulado entre o pai e José Serra. Também recebeu apoio de políticos da região, como Celso Giglio (PSDB), de Osasco, e Orlando Morando (PSDB), do ABC.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Constituição da Igreja

"Jesus é a cabeça da Igreja, o Espirito Santo é a lei para guiá-la em toda a verdade. Sua organização é o amor de Deus nos corações de seus membros que compõem o corpo de Cristo - Lei da perfeição. Onde aqueles três não governam é Satanás que governa em forma de homem para seduzir o povo de Deus com conhecimento humano."

(L. Francescon)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Ligação entre a Congregação Cristã [no Brasil] e a Igreja dos Irmãos

Posted: 31 31UTC maio 31UTC 2009 by osglorias in História da Igreja    

Esse artigo é um esclarecimento que eu enviei ao Consultório da Revista Vigiai e Orai, sobre a resposta do irmão Jabesmar Guimarães, sobre a ligação entre a Igreja dos Irmãos e a Congregação Cristã. Esse artigo foi escrito com base em pesquisas feitas na internet.

A Ligação entre a Congregação Cristã [no Brasil] e a Igreja dos Irmãos

Devido à pergunta feita pelo Ademilson de Melo à revista Vigiai e Orai sobre a ligação entre essas duas igrejas e pela resposta dada pelo irmão Jabesmar Guimarães, senti de escrever este artigo para mostrar que ambos os movimentos cristãos, não tem somente o véu usado pelas irmãs em comum.

“A Congregação Cristã tem origem num pequeno grupo de evangélicos italianos (Presbiterianos e principalmente Valdenses) que, na cidade de Chicago nos Estados Unidos da América, no ano de 1904, passou a se reunir em suas casas, buscando a guia Divina para seguir os ensinamentos bíblicos cristãos, dentro da simplicidade da fé apostólica.” (http://www.congregacaocrista.org.br) E tem Louis Francescon como um dos principais lideres nessa origem.

Devido a essa origem herdaram dos valdenses suas doutrinas e costumes como o uso do véu pelas irmãs durante os cultos. Os valdenses são um grupo de cristãos não denominacional, oriundos dos tempos dos apóstolos na região dos Alpes na Itália, esses cristãos não denominacionais eram “tachados de muitos nomes pelos seus contemporâneos: Paulicianos Bogomiles, Valdenses, Albigenses, Lollardos, Hussitas, Anabatistas, Irmãos de Plymouth, Darbistas e muitos outros.” (A Igreja Peregrina – Jaime C. Jardine). Importante ressaltar que esses irmãos não aceitam esses apelidos que lhe conferiam, gostariam de ser chamados somente de cristãos.

Louis Francescon era ancião da Igreja Presbiteriana Italiana de Chicago, foi desligado dessa igreja por pregar o batismo por imersão e por ter sido batizado pelo irmão Beretta, que foi batizado por um irmão americano da Igreja dos Irmãos (Histórico da Obra de Deus, p. 36), creio ser essa igreja ligada a do movimento dos Irmãos de Plymouth, “de quem Francescon teria herdado a visão eclesiástica super-congregacionalista, um pouco da teologia voltada ao exame bíblico ao invés da teologia discursiva, e também as notórias influencias no culto.” (Leo Alves, 2006)

Consta na ata de desligamento de Francescon da Igreja Presbiteriana que ele estava pregando o “darbismo” (segundo Leo Alves). Segundo relato do irmão Leo Alves (pesquisador da historia da Congregação Cristã) um irmão por nome A. Bernabei, ex-membro da Igreja dos Irmãos na Itália hoje membro da Congregação Cristã, disse que a Igreja dos Irmãos são como nós (Congregação Cristã) mas só não crêem no dom de línguas.

Algumas das Igrejas dos Irmãos “participaram e se uniram à Congregação Cristã no seu principio, como em Montreal, Itália, e no Brasil a CCB em Santos começou com um grupo deles que se uniram a nós já na década de 1910.” (Leo Alves, 2006).

O irmão Francescon era contra a denominação, no Censo religioso nos EUA em 1936 ele definiu a igreja como “não sectária e não denominacional“. O nome como pentecostais eram rejeitado e é até hoje pela Congregação Cristã, em uma breve nota a David DuPlessis, o ir. Francescon pediu que não referisse à nossa igreja como Pentecostal mas “simplesmente cristãos“. (Leo Alves)

A igreja no Brasil por não ter nome, nos primeiros anos, foi apelidada pelos não membros de Igreja dos Glorias ou povo dos Glorias, por causa das manifestações de glorias durante os cultos, alguma igrejas possuía nas fachadas escrito REUNIDOS EM NOME DO SENHOR JESUS. O nome Congregação Cristã no Brasil foi adotado somente em 1936, pois houve a “necessidade de se criar instituição com personalidade jurídica para poder legalizar as reuniões e titularizar a propriedade desses imóveis e, por isso, se denominou essa entidade de “CONGREGAÇÃO CRISTÔ, isto é, simples reunião de pessoas, sem qualquer formalismo ou personalismo, apenas imbuídas dos mesmos valores espirituais cristãos de adoração a Deus.” (http://www.congregacaocrista.org.br)

Para Francescon, as igrejas também são locais e independentes, dirigidas por anciões e diáconos. Isso fez com que ele se desligasse das assembleias gerais das igrejas nos EUA, pois quando ele estava em uma de suas viagens ao Brasil, alguns membros nos EUA nacionalizaram a igreja lá sob o nome de Igreja Cristã da América do Norte (www.ccna.org), o que ele foi contra ficando somente na Congregação Cristã de Chicago.

Para mim, temos sim ligação com a Igreja dos Irmãos, alem do uso do véu pelas irmãs, considero eles como meus irmãos em Cristo. Não somente com a Igreja dos Irmãos mas com outros grupos não denominacionais citados acima, principalmente os valdenses.

Uma coisa me entristece como membro da CCB, é saber que nossa igreja é considerada uma seita para alguns, colocada ao lado de movimentos como os mórmons e as Testemunhas de Jeová, que tem um outro Jesus diferente do nosso Salvador. Creio que alguns acham que somos uma seita pelo material, na grande parte mentiroso, que se encontra na internet escritos por pessoas que não conhece realmente a CCB, ou por sermos uma igreja que prefere não manter contato com outros evangélicos, o que é um direito nosso, não por sermos sectaristas, mas pela confusão de doutrinas que existe entre as igrejas hoje em dia, e por crermos que os verdadeiros cristãos já existissem antes da reforma protestante. Ou por não sermos dizimistas e nossos ministros são voluntários, algumas igrejas não gosta disso, pois perdem alguns membros por causa do dizimo, por obrigar seus membros a dizimar. Mas pela graça de Deus todos os verdadeiros cristãos estarão unidos, um dia no reino do céu, sem denominação ou igreja, pois somos uma igreja só, que é espiritual, o Corpo de Cristo.

Autor: Tiago B.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

baú de histórias Congregação Cristã faz 100 anos

ROGÉRIO VERZIGNASSE
Jornal CORREIO POPULAR, 17.10.2010





Sem qualquer vínculo, voluntários se dedicam a ações sociais



No templo imenso, há acomodação para 1,2 mil fiéis. Na fileira central de bancos, uma centena de músicos se ajeitam diante das estantes (pórticos delicados onde se apóiam as partituras). Eles executam hinos primorosos. Atrás do púlpito, de onde o ancião comanda o culto, há o tanque azulejado onde acontecem as cerimônias de batismo por imersão. Na Rua Germânica funciona o centro administrativo regional da Congregação Cristã no Brasil, ao qual estão subordinados 440 templos, de 27 cidades. Só em Campinas, são 23 mil seguidores cadastrados. Cristãos que, além de batizados, já participaram da Santa Ceia, espécie de sacramento cumprido pelos adeptos.

Pouca gente se dá conta. Mas a Congregação Cristã se estabeleceu no País há exatos cem anos. A comunidade religiosa nasceu nos Estados Unidos. Ela foi trazida pelo ítalo-americano Louis Francescon, que comandou por aqui os primeiros batismos por imersão, na cidade paranaense de Santo Antônio da Platina. Em Campinas, as primeiras reuniões aconteciam em uma residência na Rua Dr. Ricardo, no Centro. O primeiro templo campineiro foi inaugurado em 1949, na Rua Salustiano Penteado. Em 2000, a religião tinha 5 milhões de membros declarados no Brasil.

Do lado de fora, a impressão é de que o templo imponente é fechado para o mundo à sua volta. Afinal, os fiéis se vestem sempre com roupas sóbrias, em cortes clássicos. Os frequentadores são comportados ao extremo, metódicos, sérios. Mas, na verdade, a aparência conservadora esconde um cotidiano repleto de ações sociais e causas voluntárias.

Senhoras ocupam a oficina do pavimento superior do imóvel anexo à igreja e, sem cobrar um tostão, costuram roupas doadas aos necessitados. Diáconos jovens abrem mão de lazer e diversão para trabalhar no amparo a irmãos drogados. E, apesar do trabalho nobre, o grupo não investe em propaganda nem aparece na mídia.

Segundo os dirigentes do grupo campineiro, que optam pela discrição e pelo anonimato, o que torna a Congregação Cristã especial é que servir a Deus depende da inspiração pessoal. O cidadão sente um chamado para cooperar, participar. Ninguém precisa bater de porta em porta para angariar fiéis ou pregar na rua. Os membros dão testemunho de fé em casa, no trabalho, na escola. E aqueles que se identificam com aquele comportamento cristão procuram o templo por conta própria.

Hildebrando Maciel, de 73 anos, é o ancião mais antigo da cidade. De família católica, ele sabe o dia exato em que foi apresentado à congregação: 25 de novembro de 1956. Trabalhava como pedreiro. Tinha 19 anos. Uma época da vida em que a rapaziada participa de farras e não quer saber de mais nada. Pois ele entrou no templo para ver um culto e ficou encantado. “Senti na hora que aquele era meu lugar”, disse. Essa inspiração divina, segundo os membros, afasta o fiel jovem das tentações da carne. Os jovens enamorados, fiéis aos ensinamentos, se casam virgens. E com muito orgulho. Trata-se de uma opção pessoal. Quem não concorda, ou não se sente capaz, não é obrigado a frequentar os cultos ou seguir as doutrinas.

A congregação tem regras básicas: não existe ligação alguma com causas ou candidatos. Não há vínculos com partidos ou qualquer organização, seja governamental ou não. Se algum membro do corpo ministerial aceita um cargo político, por exemplo, ele renuncia ao seu cargo congregacional.

O próprio ancião não passa por uma formação esepfial (como o seminário, no caso dos católicos). Mas o seu desempenho é avaliado a cada instante pelos congregados que tenham as mesmas funções.

Também não há cobrança de dízimo. Ajuda quem pode, com quanto pode.

Tradição

Nos Estados Unidos, a comunidade nasceu da reunião de imigrantes italianos protestantes, que passaram a difundir doutrinas próprias. Os artigos de fé da Congregação Cristã seguem princípios comuns a outras religiões cristãs. Crê-se na vida após morte e na existência de um só Deus, criador do Universo. No culto, há uma série de práticas tradicionais: as mulheres usam véu; há assentos separados para os públicos masculino e feminino; as orações são feitas de joelhos.

A orquestra é um espetáculo à parte. Os hinário, composto de louvores e súplicas a Deus, possui composições cultuadas há gerações. São mais de 450 hinos cadastrados, encantadores.


SAIBA MAIS

O templo central campineiro da Congregação Cristã no Brasil fica na Rua Germânia, 661, no
Castelo. Os cultos são realizados às quintas-feiras, sábados e domingos às 19h30. Há um

culto especial nas tardes de terça-feira, abertos a fiéis mais idosos ou que tenham de trabalhar à noite. O culto especial para os jovens é às 19h30 de cada sexta-feira. Mais informações pelo telefone (19) 3201-3170.

PARTICIPE DO BAÚ
A seção Baú de Histórias resgata, sempre aos domingos, episódios que foram motivos de reportagem no passado. Leitores que quiserem sugerir temas para a coluna podem escrever para a redação do Correio Popular ou enviar e-mail para rogerio@rac.com.br. 

sábado, 18 de setembro de 2010

PLURALIDADE JURÍDICA NA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL – DAS CARTAS DE FRANCISCON AO CCBINFO

CURITIBA 2008

ADRIANO APARECIDO CARNEIRO
ANDREIA DA SILVA
FLAVIA BORA
LUDUVINO STEMPNIAK

FESP – Fundação de Estudos Sociais do Paraná


ICSP – Instituto de Ciências Sociais do Paraná

Trabalho apresentado em seminário, à disciplina de Sociologia Jurídica, sob orientação da Professora Mestra Rosita Cordeiro de Loyola Hummell.


SUMÁRIO


1. INTRODUÇÃO.................................................................................4
1.1 LOUIS FRANCISCON E O ACONTECIDO DA RUA AZUZA...................5
1.2 A CHEGADA DO PENTECOSTALISMO NO BRASIL..............................6
1.3 SANTO ANTONIO DA PLATINA, NO PARANÁ, UM MARCO...................6
3. NO INTERIOR DO PARANÁ AS PRIMEIRAS DIFICULDADES..................8
4. A CONGREGAÇÃO NO MUNDO GLOBALIZADO....................................9
4.1 PRINCIPIO DA ORGANIZAÇÃO.........................................................9
4.2 CONGREGAÇÃO CRISTÃ DO BRASIL PARA O MUNDO......................10
4.3 A POLÍTICA QUE MANTEM O PODER E A TRADIÇÃO........................11
5. A DISTÂNCIA ENTRE O ESTADO DE DIREITO E A IGREJA...................13
5.1 CONTATO FRIO ENTRE PESSOAS JURÍDICAS..................................13
5.2 COMUNIDADE EXEMPLAR, E A INFLUÊNCIA SOCIAL.......................15
6. DAS REGRAS INTERNAS, ORGANIZAÇÃO E CONDUTA........................17
6.1 A GUIA DOUTRINÁRIA....................................................................17
6.2 OS ENSINAMENTOS DA MORAL E DO COSTUME..............................18
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................22
ANEXOS .............................................................................................23

1. INTRODUÇÃO

A Congregação Cristã no Brasil é uma comunidade religiosa ímpar na atualidade, chamada por alguns de seita, ou movimento contraditório, e considerada por outros como o verdadeiro caminho para a salvação da alma. Devido a algumas características, que pretendemos demonstrar ao longo deste trabalho, sua imagem se mantêm como um quadro imutável, em sua história quase centenária, obviamente houveram algumas reformas discretas, muitas vezes imperceptíveis até mesmo entre a membros em geral, como exemplo temos a última reforma do seu estatuto, que ocorreu no ano de 2004, e passou desapercebido às pessoas da comunidade que não estão ligadas diretamente aos ministérios ou cargos, em geral estes assuntos formais são deixados única e exclusivamente nas mãos dos administradores, sempre com a supervisão do Conselho de Anciães.

Os estatutos somente se adaptaram à legislação do Estado, os manuais simplificam processos já um tanto padronizados, apesar de não haver dispositivos normativos para isto. Aparentemente suas regras tomam a forma de conselho, que prontamente são atendidos pelos membros em geral. Destacaremos, no entanto, a parte dos costumes que, por suas características, provocam a pluralidade jurídica, uma vez que suas regras morais e de condutas são bem aceitas e praticadas, proporcionando um certo isolamento, entre a comunidade e a sociedade em geral.

Esta aldeia global chamada Congregação Cristã no Brasil, que chamaremos eventualmente de CCB, devido a popularidade da sigla no universo atual da instituição, mantém essa separação, que não é geográfico (pois a CCB está espalhada em muitos países e em todos os tipos de ambientes, sejam urbanos ou rurais, periferias ou áreas nobres), mesmo infiltrada de forma aleatória na paisagem.

É inegável o isolamento social, onde ainda hoje, aproximadamente 68,35 % de seus membros não possuem aparelhos de televisão em suas casas, conforme pesquisa apurada pelo grupo com dados coletados entre os anos de 2001 a 2008 em localidades do interior do estado de Rondônia, São Paulo na capital, interior (Santo Antonio da Platina) e Capital (Curitiba e Campo Largo) do Paraná, há recomendação a quem tem ministério que não convém possuir e ninguém que possua será indicado, no entanto proibe ataques aos meios de divulgação, e cultura do governo, conforme dita os Ensimamentos da Assembléia de 1997.

Os membros esclarecidos preferem outras formas de informação menos invasivas, como leitura de jornais e publicações especializadas em informações. As atividades de interação na comunidade são quase que exclusivamente internas, ou seja, se resumem às reuniões na igreja, aos cultos, ensaios musicais na igreja ou na casa de membros, e reuniões familiares menores.

Mesmo entre os jovens não é comum freqüentarem danceterias, clubes sociais esportivos, e uma série de outras atividades.

A história da CCB remonta a de Louis Franciscon, fundador da filosofia praticada até a atualidade. Notem o testemunho do próprio Franciscon em uma das pouquíssimas publicações oficiais da CCB: "No mesmo ano, ouvi o Evangelho por meio da pregação do irmão Nardi. Em dezembro de l891 tive do Senhor a compreensão do novo nascimento" (CCB. Histórico da obra de Deus. 1977). O ancião Louis Francescon, faleceu em 7 de setembro de l964, na cidade de Oak Park, Illinois, USA, mas seu trabalho se eterniza em uma das maiores igrejas pentecostais do mundo, aproximadamente 3 milhões de membros, que se mantém com uma organização simples e desburocratizada, como em seu princípio.



1.1 LOUIS FRANCISCON E O ACONTECIDO DA RUA AZUZA

Louis Francescon nasceu na comarca de Cavasso Nuovo, em 29 de março de l866, província de Udine, Itália. Após servir ao exército italiano imigrou para a américa, chegando à cidade de Chicago, Estado de Illinois em 1890, onde conheceu o evangelho através da pregação de Miguel Nardi. Em 1891 compreendeu a necessidade do novo nascimento e aceitou a salvação oferecida por Jesus Cristo. Fundou a primeira Igreja Presbiteriana Italiana juntamente com algumas famílias de procedência valdense e o grupo de Miguel Nardi, em março do ano seguinte. Inicialmente Franciscon foi eleito diácono e, passado alguns anos, ancião dessa igreja.

Segundo relato do próprio Francescon, três anos após a fundação da igreja Presbiteriana Italiana, lia a Bíblia Sagrada, em Colossensses, quando ouviu duas vezes as seguintes palavras: "Tu não obedecestes a este meu mandamento" (Historico da obra de Deus). Com isto coloca a prova o batismo por aspersão, e não imersão, praticado pelo Igreja Presbiteriana Italiana.

Em 6 de setembro de l903, em um domingo, após 9 anos da revelação acerca do batismo, aproveitando a ausencia do Pastor Filippo Grilli, convidou a Igreja para assistir ao seu batismo por imersão, que se deu no dia seguinte, onde 18 dos 25 membros da igreja Presbiteriana Italiana se batizaram. Retornando o Pastor Filippo Grilli, da Itália, Francescon pede seu desligamento daquela Igreja, seguido pelo grupo batizado. Este grupo dissidente reuniam-se nas casas uns dos outros.

Em l907 esta pequena comunidade teve contato com o movimento pentecostal nascido recentemente, participando das reuniões da missão religiosa na W. North Ave, 943, guiadas pelo Pastor William H. Durhan, oriundo do movimento Azuza, de Los Angeles, berço do pentecostalismo. Em 25 de agosto de l907, Louis Francescon recebeu o Batismo do Espírito Santo junto ao novo grupo, depois de algum tempo, Durham o incumbe da missão de levar a mensagem do evangelho à colônia Italiana, iniciando naquele país, depois Argentina, Brasil, Panamá, seguindo a expansão do movimento para o mundo.



1.2 A CHEGADA DO PENTECOSTALISMO NO BRASIL

Cumprindo sua missão “evangelística” na Argentina, como lhe atribuiu o Pastor Durham, Francescon e um companheiro, Giacomo Lombardi, viajam a São Paulo, Brasil, chegando em 8 de março de l910. No segundo dia no Brasil, na Praça da Luz, evangelizam um italiano chamado Vicenzo Pievani, morador de Santo Antonio da Platina, porém decepcionados com os resultados de suas pregações, em 18 de abril, Lombardi partiu para Buenos Aires, e Francescon para Santo Antonio da Platina, no norte do Paraná, chegando lá em 20 de abril de l910, deixou estabelecido ali um pequeno grupo de 11 crentes pentecostais, dentre eles Pievani e Felício Mascaro (primeiro brasileiro batizado), ficaram conhecidos inicialmente como “povo do glória” , o primeiro grupo do segmento pentecostal no Brasil.



1.3 SANTO ANTONIO DA PLATINA, NO PARANÁ, UM MARCO

Este município é hoje um centro histórico mundial não somente para a CCB, mas também para o pentecostalismo brasileiro, ruas são nomeadas em homenagem ao primeiro convertido batizado no Brasil (Felício Antonio Mascaro), e a anciães falecidos, a exemplo temos o Ancião Júlio Cirilo de Souza que, de acordo com a Lei 377/2004, nomeia uma rua do Jardim Altvater, naquela cidade.

Júlio foi uma pessoa muito carismática conquistando o respeito e admiração junto à comunidade e sociedade em geral, “em uma visita à sua casa conversou sobre vários assuntos, sempre com um sorriso sincero, apesar da idade avançada teve disposição em cantar uma marchinha antiga sobre os bombeiros a salvar a cidade”, nos relatou Karina Tatiana, que é a terceira geração de sua família na Congregação, em depoimento sobre uma visita àquele ancião em 1998, na época moradora naquela cidade.

O primeiro local de reunião no sertão do Paraná (ver anexos), hoje é um bairro central da cidade, continua sendo propriedade da igreja, que mantém um abrigo com acomodações para visitas. Possui 5 templos (Relatório 2006/2007, n° 70), sendo esta localidade uma das mais conservadoras quanto às suas doutrinas e costumes entre as demais. Não incentivam romarias ou excursões, por temerem a idolatria aos lugares históricos, prática que acreditam desagradar a Deus.



3. NO INTERIOR DO PARANÁ AS PRIMEIRAS DIFICULDADES

Como cita a antropologa Valéria Esteves, em sua dissertação sobre o pentecostalismo entre os indígenas Guaranis, “em busca do italiano Vicente Pievani, com a “missão” de convertê-lo e à sua família, Francescon teria passado por duras provas na viagem até Santo Antonio da Platina”.

A precária estrada de ferro Sorocabana cuja última estação era Salto Grande, e deixara-o a 200 quilômetros de seu destino final (não havia ainda os ramais até jacarezinho-Pr), conforme relato do próprio Francescon, o trecho final, entre Ourinhos-SP e Santo Antonio da Platina, teria feito a cavalo, eram 70 quilômetros em um caminho infestado de onças e outras feras, onde teria sido conduzido por um guia indígena, certamente do povo Guarani que habita reservas na região até hoje, como os da Terra Indígena do Laranjinha, alvo da dissertação da Valéria.

 Sobre este mesmo trecho entre o estado Paraná e São Paulo temos o relato de José Lourenço, que há 60 anos transpôs o caminho com seu pai, João Militão, dirigindo um velho caminhão e seus 10 irmãos abrindo a picada com a ajuda de foices e machados. Franciscon chega a Santo Antônio da Platina, encontra Pievani e sua esposa, e junto a estes outras nove pessoas aceitam sua mensagem evangélica, abrindo mais um núcleo de fé pentecostal, como já dito, o primeiro no Brasil. Por conta disso, Francescon conta que foi perseguido por alguns moradores da cidade chefiados pelo sacerdote católico, que juraram matá-lo, o que não ocorreu e com o tempo a comunidade se acostumaria a eles.



4. A CONGREGAÇÃO NO MUNDO GLOBALIZADO

Agora já se passaram quase cem anos da Revelação Pentecostal italiana, cheio de nostalgia, Vazantemg declara em sua publicação biográfica que “em um mundo agora tão diferente daquele de Francescon, a mensagem de fé a todo Evangelho ressoa ainda autorizando para nos recordarmos que a perpetuação desta Revelação Evangélica deve fundamentar-se sobre princípios que Francescon teve consigo até o fim: a autoridade absoluta da Santa Escritura, a guia insubstituível do Espírito Santo, a humildade do ministério cristão doado por Deus, o desinteresse pessoal e a firme vontade que qualquer estrutura da Igreja do Senhor deva ser apenas uma forma de trabalho fraterno e jamais se transformar em uma organização do "poder humano".

Traz a tona uma realidade sempre perseguida pela CCB, que se moderniza, inclusive com sítios na internet destinados aos registros e informações administrativas, o CCBsist e o CCBnet interligam atualmente todas as administrações que lançam seus relatórios e controles em tempo real, de qualquer lugar do mundo, e ainda disponibiliza suporte, informações, avisos, circulares e outras informações de interesse da instituição.

Mas isto mudou muito pouco a prática cristã deste povo, o culto é idêntico ao recomendado na convenção de 1936 já antes praticado, os ditos tópicos de doutrinas e os costumes morais são os mesmos. A afirmação de Foerster em seu artigo sobre as relações de poder e política interna na Congregação nos parece verdadeira, apesar de toda a evolução nos diversos campos do conhecimento, hoje experimentado pelo homem, a Congregação Cristã está na contramão em relação a suas irmãs pentecostais que amoldam suas práticas e doutrinas às condições sociais e morais das sociedades que estão inseridas, e se utilizam de todas as armas disponíveis que proporcionem o seu crescimento. A CCB parece não desejar simplesmente crescer, e isto merece um estudo mais profundo de toda a sua estrutura, que neste trabalho não será possível, e isto será tratado superficialmente.



4.1 PRINCIPIO DA ORGANIZAÇÃO

Como a própria Congregação Cristã em uma síntese de ensinamentos da Assembléia que ocorreu em abril de 2007, declara em seu sítio oficial na internet (inclusive é a única exibição nele), “que com o aumento do número de pessoas professando os mesmos princípios de adoração a Deus e não havendo locais particulares em que fosse possível reunir-se foi necessário adquirir-se locais para esse fim, havendo, a partir de então, a necessidade de se criar instituição com personalidade jurídica para poder legalizar as reuniões e titularizar a propriedade desses imóveis e, por isso, se denominou essa entidade de “CONGREGAÇÃO CRISTÔ, isto é, simples reunião de pessoas, sem qualquer formalismo ou personalismo, apenas imbuídas dos mesmos valores espirituais cristãos de adoração a Deus”.

É um conceito aceitável do que seu fundador criou no interior do Paraná, e ao retornar, em São Paulo, após um contato com a Igreja Presbiteriana do Brás, onde alguns membros aceitaram a mensagem pentecostal, bem como alguns batistas, metodistas e católicos romanos. Surge a primeira "Congregação Cristã" organizada no país, uma pequena reunião familiar.

Então Francescon, em fins de setembro de 1910 parte com destino ao Canal do Panamá, deixando o primeiro templo pentecostal no Brasil. A Congregação Cristã espalha-se, inicialmente entre as colônias italianas, difundindo sua fé a todos os povos do mundo a partir dos estados de São Paulo e Paraná.

 A primeira Convenção das Igrejas da Congregação Cristã no Brasil ocorreu em 1936, presidida pelo Ancião Louis Francescon, e veio compilar todos os ensinamentos proferidos até então referentes à doutrina, costumes e condutas morais, em 1940 haviam 305 templos e 17.761 almas, conforme Histórico da Obra de Deus, ocorrendo uma Reunião Geral de Ensinamentos do ano de 1948.

Outra intervenção deste porte ocorreu apenas em 1998, quando nas Reuniões Gerais, compreenderam a necessidade de uma nova edição do resumo das deliberações de 1936 e 1948, sendo a alteração mais considerável a atualização ortográfica, para não tirar o sabor do que foi feito, como diz o prefácio da nova edição do resumo. Hoje totalizam quase 20.000 templos e aproximadamente 3 milhões de membros.



4.2 CONGREGAÇÃO CRISTÃ DO BRASIL PARA O MUNDO

Sem duvida a Congregação Cristã em Portugal é a que mais se expandiu, sendo a porta de entrada aos demais países da europa, teve origem no retorno do emigrante português Domingos de Sá em 1938 de São Paulo, Brasil, onde conhecera a Congregação Cristã. O núcleo original da Congregação Cristã em Portugal foi na cidade do Porto, e durante o regime salazarista foi perseguida, o que levou a emigração de crentes portugueses para a França, Holanda, Luxemburgo, Suíça e Bélgica, resultando as Congregações Cristãs daquelas nações.

Só depois da Revolução dos Cravos em 1974 foi oficializada, e o primeiro local de reunião pública aberto no Porto. Em 2006 haviam aproximadamente 200 congregações em Portugal, o vale do Rio Douro concentra a comunidade que é a maior das denominações evangélicas da região.

Na América do Sul é bastante difundida, contando com o apoio dos irmãos brasileiros que se fazem presentes em cerimonias importantes e com apoio logístico em comunidades mais pobres, o mesmo ocorre na Africa que se expande através da Angola, Africa do Sul, Zimbabwe, e Republica do Congo. No Japão, segundo o Relatório de 2006/2007, haviam cerca de 23 igrejas, e 2 duas legalizadas em Israel. Não há registros de templos oficializados na China.



4.3 A POLÍTICA QUE MANTEM O PODER E A TRADIÇÃO

A Congregação se manifesta oficialmente sobre qualquer assunto somente através do Conselho de Anciães ou da Presidência da Administração, o que lhe confere uma centralização e unidade nas decisões, porém o que fortalece realmente toda a sua estrutura é a soberania atribuída ao Conselho de Anciães, e a centralização das decisões sobre assuntos importantes que, após levantados todos os detalhes serão resolvidos por orientação divina, sendo a decisão registrada em ata com todos os seus detalhes, tudo de acordo com ensinamento da Assembléia de 1969.

O conselho é composto por no mínimo três anciães ou mais (é comum a participação de aproximadamente 20 anciães), apesar de não haver norma alguma sobre esta composição, podemos ver que já no registro da convenção de 1936 haviam três anciães, sendo um o presidente.

Também não há regra clara para sucessões da presidência, o conselho de anciães é apenas um ajuntamento, sem maiores formalismos, onde não há hierarquia como dito na Reunião Geral de 1948, nos ensinamentos de 1972, e no Artigo 18 do atual Estatuto, este último diz que haverá apenas um respeito à antiguidade relativa entre os membros. Além do mais o indicado pode recusar a presidência por uma série de fatores. Podemos concluir que não há como definir previamente os sucessores em tais conselhos, que são a instância máxima da autoridade institucional.

À decisão do Conselho é atribuída uma certa soberania, clara em alguns casos, e implícita em outros. Esta espécie de gerontocracia possui duas faces, segundo a perspectiva Weberiana, teríamos um domínio institucional tradicional, pois já faz parte da tradição obedecer sem questionar a autoridade do Conselho, que possui sua dignidade revestida pela crença de que os mais velhos conhecem melhor a tradição sagrada.

Estes Anciães levam a cabo as políticas da igreja exercendo também uma certa influência carismática pessoal, que se manifesta de forma proporcional à sua imagem diante do grupo. Aristóteles defende que um bom líder não pode ser muito jovem, conforme os Ensinamentos da 52ª e 66ª Assembléias de abril de 1987 e abril 2001 respectivamente, a perspectiva da CCB concorda muito com ele, já que se toma o cuidado de, antes da apresentação do membro, verificar vários quesitos como conduta moral e profissional, antecedentes, se está livre de vícios, das paixões da juventude, e de inclinações políticas, consideram-se primeiramente o tempo que participa na igreja, inclusive na mesma localidade, e a idade, não devem ser novos.

Também não há carreira, um cargo não leva a outro, em observação superficial veremos dois ministérios ditos ungidos, o de ancião e o de diácono, nos dão impressão de que o último levaria ao primeiro, mas há regra que os distingue entre mesa da piedade que será atendida pelo diácono e mesa espiritual atendida pelo ancião, “todavia, a obra de Deus não é carreira ou sociedade ou política, nem curso militar que se vai galgando”, esclarece um tópico de ensinamento do ano de 1970.

 Observamos na prática uma variedade muito grande na origem dos membros indicados a ancião ou diácono, desde membros ditos de banco, sem ministério ou cargo algum, passando por porteiros, administradores, cooperadores, e para ancião pouquíssimos diáconos.



5. A DISTÂNCIA ENTRE O ESTADO DE DIREITO E A IGREJA

A Congregação Cristã no Brasil, crê na separação total entre Estado e religião, sendo uma organização totalmente apolítica, sem ligação nem manifestação de apoio a causas ou partidos políticos, candidatos a cargos públicos, nem mesmo a ongs ou qualquer outra instituição governamental ou não, e deixa isto claro em seu estatuto.

 Se algum membro de seu corpo ministerial aceitar cargos políticos, deverá renunciar ao seu cargo congregacional. Aconselha seus membros a nunca votar em partidos que negue a existência de Deus e a sua moral, conforme dita nas reuniões gerais de 1948.



5.1 CONTATO FRIO ENTRE PESSOAS JURÍDICAS

Se relaciona com a estrutura do Estado somente no estrito cumprimento da lei, alias o respeito às autoridades constituídas é uma característica do pentecostalismo, seja o governo opressor ou não, recomenda cuidado nos sermões para não atacar a cultura governamental (assembléia de 1997), autoriza registros fotográficos de suas cerimonias somente a enviados do governo (assembléia de 1970), proibe aos membros fazer declaração diante da igreja que sofrem perseguição por sua ideologia política, e mesmo pedir que a “irmandade ore para Desus livrar a este ou aquele de processos na polícia ou nos tribunais” (assembléia 1970), consideram o direito da justiça estatal de julgar e punir como posta por Deus.

 A Assembléia de 1984 aconselha que é bom e agradável diante de Deus que todos orem pelo governo de nossa nação e de todas as outras, pelos reis, dirigentes e autoridades constituídas. A Congregação considera incompatível à sua doutrina o envolvimento de seus membros em direção de sindicatos, associações de classe ou moradores, e também em movimentos de protestos contra o governo (assembléia de 2004)

A Congregação Cristã considera que atender à convocação dos Tribunais Eleitorais é dever cívico de seus membros, e isto não os envolveria na política, da mesma forma, quando sorteados para integrar o Tribunal do Júri “devemos atender, cumprindo esta tarefa legal” (assembléia de 1969, 1996).

Em circular á irmandade lembra o excelente conceito da Congregação diante do governo, e que é dever de todos os seus integrantes zelar pela boa reputação. Apesar de todo este respeito e cuidado com o governo a CCB não deseja possuir vínculo político, e diz que não convém convidar políticos ou autoridades para cerimônias de abertura de novos templos (assembléia 1965), também recusa solicitações de empréstimos de suas instalações para qualquer fim, com exceção à requisição do TRE para ocupação durante eleições (assembléia de 1964).

Adverte que serão repreendidos energicamente todos os participantes do ministério que se envolverem de alguma forma em política, e serão desconsiderados como “irmãos na fé” (assembléia de 1969, 1977, 1983), reconsidera na Assembléia de 2001 quanto à expulsão do membro, permitindo que este participe da igreja sendo considerado como “irmão”, mas lhe veda qualquer pronunciamento junto à comunidade sobre suas convicções políticas.

Lembra que o voto deve ser livre e secreto, e nenhum candidato terá autorização para utilizar o nome da igreja em suas campanhas (assembléia de 1983, 1996). Outra particularidade é o seu orçamento, que prevê suas receitas única e exclusivamente advindas de doações espontâneas, e não aceita doação de patrimônio por parte do Estado, agradecem, mas recusam inclusive as verbas votadas em seu favor por diversos políticos (assembléia de 1965, 1966).

 Orientam aos Departamentos de Construções para que evitem construir templos suntuosos e com formato diferente do costumeiro, para se evitar custos desnecessários (Reuniões Gerais de 1948). A Congregação Cristã possui um atendimento social independente conhecido pelos membros por Obra da Piedade, obras pias no estatuto. Esta “obra” é administrada pelos diáconos e irmãs auxiliares, que apuram dentre a comunidade quais são as famílias que estão passando por dificuldades, e posteriormente deliberam sobre o atendimento ou não.

Os diáconos são responsáveis por escriturarem os atendimentos separadamente, sendo mantidos de certa forma sob sigilo (Assenbléia de 1964). Muitas organizações religiosas operam políticas assistenciais do governo ou ongs, a CCB aceita auxiliar na distribuição de alimentos, porém não autoriza a divulgação do nome da instituição como parceira, um caso destes esta comentado em tópico de ensinamento da assembléia de 1964, envolvendo donativos dos norte americanos.

 Os diáconos são aconselhados a dosar o atendimento assistencial de forma que os membros auxiliados não necessitem de atendimentos complementares (assembléia de 1993).



5.2 COMUNIDADE EXEMPLAR, E A INFLUÊNCIA SOCIAL

Não há corpo missionário todos são “evangelistas” em potencial, Francescom é prova disto tendo viajado toda a américa e uma outra parte do mundo apregoando sua prática do evangelho, outro exemplo é Beatriz dos Anjos Povoa, portuguesa que chegou ao Brasil em 1941, tendo fixado moradia na região do bairro Pari na cidade de São Paulo, vizinho da colônia italiana no bairro do Brás, ouviu a mensagem da Congregação por uma mulher que não possuia cargo ou ministério, após se ver viúva Beatriz viajou por muitas localidades brasileiras apregoando o evangelho da forma que havia recebido, ou seja, pessoa a pessoa, não contan com uma estrutura institucional para missionários profissionais.

 O bom testemunho, ou boa conduta social, é importante junto à comunidade, pois chama a atenção de pessoas pré dispostas a se engajar em uma comunidade religiosa, é também pré requisito para se acessar qualquer cargo ou ministério.

Sem duvida a orquestra da Congregação Cristã no Brasil também é um standart para a sociedade, muitos mencionam a música sacra como sendo o motivo da primeira visita à igreja, e a partir daí chega-se à conversão. A música congregacional executada hoje na CCB e muitas outras igrejas retomou sua importância religiosa com Martin Luther, que elaborou o primeiro hinário alemão, "Achtliederbuch" (Livro dos oito cânticos).

 Escreveu ainda 33 peças de canto congregacional, aproveitando cânticos em latim, ainda revisou hinos em alemão anteriores ao movimento reformista. Nas melodias de Lutero, que tinha formação musical, havia forte acento rítmico. A maior contribuição de Lutero à hinódia foi a restauração do canto congregacional, e seu mais famoso hino é "Ein'Fest Burg" (Um castelo forte), escreveu a letra (não a utilizada pela Congregação que a reformou, e esta presente no atual hinário, 1994).

A CCB provê aos fiéis escolas musicais gratuitas, que normalmente são ministradas em suas dependências comuns, via de regra no próprio salão de cultos. Atualmente, possui em sua orquestra os mais diversos instrumentos, sempre tocados por homens, com exceção do órgão eletrônico que é executado somente por mulheres, em alguns países as mulheres possuem liberdade para executar os demais instrumentos compondo uma única orquestra mista.

Utiliza-se de um hinário, "Hinos de Louvores e Súplicas a Deus", agora em sua quarta edição de 1965, basicamente formado por melodias universais, principalmente norte americanas, italianas e européias, com poesias inspiradas em trechos bíblicos. Possui 450 hinos distribuídos entre ocasiões específicas, como batismos, santas ceias, funerais, e de Jovens, além de sete coros.

O livro original chamava-se Inni e Salmi Spirituali, publicado, no começo do século XX, pela Assemblea Cristiana Italiana de Chicago, Ill, USA. Curiosamente a CCB não produz e não autoriza gravações de seus hinos (assembléia de 2001), considerando a finalidade da execução unicamente o louvor, que para ser válido deve partir da ação direta do homem em tempo real. Existe porém várias influências um tanto mais complexa desta comunidade junto às sociedades que não abordaremos nesta edição do trabalho, pois temos limitado o tempo e alguma logística.



6. DAS REGRAS INTERNAS, ORGANIZAÇÃO E CONDUTA

O pentecostalismo inicialmente sofreu influência de preceitos Calvinistas, e com o tempo se adaptaram, ou se extinguiram. A Congregação Cristã teve origem marcada por estes preceitos. A doutrina da predestinação é ponto crucial, herdada de seu fundador e primeiros membros, que levou a igreja a tomar caminhos conservadores, escolhendo o isolamento e aguardam os que hão de se salvar, pois virão até a igreja, profecia de Francescon.


6.1 A GUIA DOUTRINÁRIA

Há os pontos de doutrina e da fé que uma vez foi dada aos santos, são 12 considerações que servem de base para a orientação bíblica na Congregação, porém nos limitaremos a transcreve-los nos anexos, por não gerar conflito ou pluralidade jurídica internamente, alvos de nosso propósito nesta edição do trabalho junto a esta comunidade.

Outrossim, abordaremos alguns assuntos conflituosos que a Congregação apresentou suas soluções e interpretações diferentes das correntes religiosas normais. Começemos pelo estudo da bíblica que é regra à grande maioria das denominações, iniciando pela Católica Romana que forma seus sacerdotes com grande carga de estudos, porém não é assim na Congregação que não acredita na necessidade de se preparar técnicamente para as pregações, deixando todo o ensino e orientação para o Espirito Santo, que creem, cuidará do sermão desde a escolha do membro, que poderá ser qualquer um com idoneidade reconhecida pela comunidade, passando pela escolha da passagem bíblica, e finalmente a exortação ou mensagem atual baseada na leitura, que pode vir carregada de correções, de instruções, ou mesmo de palavras de conforto á comunidade.

Confiam que o Espirito Santo tudo realiza, sem necessidade de propagandas, pregações públicas, ou mesmo estudos em seminários (assembléia de 1964), porém recomendam o preparo técnico científico no cotidiano, por ser indispensável diante do desenvolvimento (assembléia de 1971).

Aos jovens há algo parecido com as escolas dominicais evangélicas, apesar de algumas diferenças, são as “reuniões para jovens e menores” iniciadas em 1936, onde, além dos cooperadores, os jovens e até mesmo os menores devidamente guiados por Deus poderão apresentar a palavra (assembléia de 1990), devido a estas reuniões regulares, membros desta comunidade tem conseguido dispensa das aulas de educação religiosa na rede pública de ensino (assembléia de 1995).

Sem dúvida o dízimo também é um dos temas mais controvertidos entre os cristãos, desde os primórdios. Vejam os puritanos ingleses eram contra a obrigação do dízimo, e a favor da criação de contribuições voluntárias que manteriam as igrejas.

Porém ocorreu diferente, ele se manteve, e até nossos dias há a difusão da idéia de que o dízimo é devolvido, e não dado a Deus (se é de Dele, ninguém ousará não devolve-lo). Nisto a Congregação compartilha algo próximo do entendimento de Calvino, que devemos ensinar que todos são livres a dar ou não, que não há mínimo, e que Deus ama a quem dá com alegria, que devemos estar prontos a repartir generosamente nos guardando da avareza, e acumulando tesouros no céu.

Compete ao ancião ou cooperador falar ao povo sobre as coletas para as necessidades da igreja, obra da piedade, e algumas outras, ensinam que a colaboração deve ser com amor e alegria segundo o propósito no coração, e conforme a sua prosperidade (assembléia de 1964). Não pagam dízimos e sim coletas, e se orgulham em não pagar salários ao ministério ou administradores, sendo que todos prestam seus serviços de forma voluntária, de acordo com o estatuto, 2004.



6.2 OS ENSINAMENTOS DA MORAL E DO COSTUME

Em nossas referências utilizamos bastante o termo “assembléia de tal ano”, isto devido a maior parte das regras de conduta moral e dos costumes da Congregação são reguladas pelos chamados “ensinamentos”, pequenos tópicos que tratam um assunto cotidiano e impõe uma conduta determinada à “irmandade”, em pesquisa junto à comunidade concluímos que estes ensimamentos gozam de grande aceitação, já que menos de 10% dos membros dizem não obedecer por não concordar com as decisões contidas neles.

Abordaremos alguns poucos pontos que se destacam do costume corrente, inicialmente veremos como a Congregação Cristã trata o ecumenismo, ou melhor, não trata, pois não aceita união de doutrinas divergentes , nem mesmo se movimenta para gerar um agrupamento futuro, em hipótese alguma aceitam “estranhos à fé” ministrando em seus templos, assim são chamados os que não praticam sua ideologia religiosa, e se alguém se aventurar em levantar diante do povo será impedido pelo responsável pelo atendimento àquele rebanho (assembléia de 1961).

A CCB jamais se unirá, deixam claro quando nem mesmo responde às propostas de outras denominações, permanecendo sempre em seus fundamentos crendo que Deus se retiraria de seu meio caso aderissem ao ecumenismo (assembléia de 1964). Algo mais próximo de um vínculo que notamos é com a Sociedade Bíclica do Brasil, há um fundo especial para suprir as encomendas de publicações desta instituição, principalmente a bíblia na versão aceita de João Ferreira de Almeida, também há uma contribuição anual em auxílio a esta sociedade, que creem ser determinação de Deus (assembléia de 1964 e 1965).

Outra fonte de conflitos internamente solucionados são os casamentos, não fazem cerimonias religiosas, justificam por não haver nenhuma referência bíblica para tal, bastando que os envolvidos estejam de acordo com a lei estatal, porém não proibe festa em comemoração ao casamento, mas sempre vigilante recomenda evitar excessos em bebidas, musicas, etc.

No que refere ao divórcio consideram que, se houve adultéria a parte ofendida é livre para se separar e casar novamente, isto por considerar que o adultero está morto espiritualmente, mas não aceita divorcios por outro motivo que não seja infidelidade, e os que isto fizerem serão considerados pecadores, sendo desconsiderados como “irmão” em em meio à comunidade (assembléia de 1971). Também recomendam condutas em festas de formatura, seus membros não poderão participar da cerimônia religiosa e do baile, restando apenas a colação de grau (assembléia de 1978).

Consideram também as praias um ambiente mundano, recomendando a seus membros buscarem praias isoladas ou com menor freqüêcia de banhistas, então este comportamento será tolerado, desde que não abusem nos trajes (assembléia de 1983). Outro comportamento reprovado são as caçadas e pescarias, esses entretenimento podem levar seus participantes ao vício do alcolismo, por isto estes comportamentos são aceitaveis apenas quando se trata de profissão (assembléia de 1972).

A justiça estatal é evitada ao máximo, é muito comum ouvirmos seus membros falarem que “deixaram a causa nas mãos de Deus”, isto significa que há

de fato uma resistência em acessar este mecanismo, devido a costume antigo que se perpetua, confiam que Deus lhes resolverão as causas (assembléia de 1962). Nos casos que a igreja julga internamente recomenda que se proceda com muita prudência, ouvindo sempre as duas partes em litígio, aos integrantes do conselho aplica-se uma idéa de suspeição em caso de parentesco, zelando pela imparcialidade (assembléia de 1978).



7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Destacamos aqui pontos históricos e conflituosos nesta singular comunidade religiosa, procurando o nosso objetivo, pluralidade jurídica, sem interferir nos seus conflitos particulares internos, ou mesmo discutir sobre sua doutrina, não há de forma alguma interesse teológico em nosso foco.

Houve necessidade de tratarmos sucintamente todos os assuntos, devido ao curto espaço de tempo e a riqueza dos quase 100 anos de história da Congregação Cristã no Brasil, mas esperamos ter atingido nosso objetivo, ao demonstrar que há uma solução interna de boa parte de seus conflitos e assuntos gerais. Em sociologia, se considera ação social qualquer ação que leva em conta ações ou reações de outros indivíduos ou sociedades, esta comunidade religiosa é riquíssima em eventos que modificam tudo em si, e ao seu redor, deste épico resumimos, resumimos, e chegamos ao trabalho que colocamos à vossa disposição.



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BIBLIOGRAFIA



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