terça-feira, 3 de março de 2020

Coral se apresenta em alas do Hospital Universitário

Para a direção da unidade, momentos como esse de descontração auxiliam nos tratamentos…

Publicado em 03/03/2020 às 09:42 no site CGN



A música suave ecoando pelos corredores do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop) chamou a atenção dos pacientes e acompanhantes, nesse fim de semana. Teve quem saiu do quarto e foi conferir a apresentação do Coral Darpe da Congregação Cristã no Brasil. “Achei lindo, é um momento de paz, de calma para nós”, diz Rose Maria, que acompanha a mãe, internada no Huop. “A minha mãe também ouviu e está gostando, e eu sai pra ver esse momento tão bonito”, comenta.

Quem também saiu do quarto para assistir, foi Sidney Betti, que acompanha a esposa internada. “Estamos em oração pela recuperação dela, então tudo que é bom, gostamos de participar. É muito bonito, faz muito bem”, comenta.

E o sentimento de leveza não é apenas para quem assiste, mas também para quem oportuniza esse momento. “É muito bom poder estar trazendo isso não apenas para os pacientes, mas também acompanhantes, médicos, enfermeiros e outros que trabalham aqui. Sentimos que eles gostam da música. A ideia é transferir coisas boas e nos sentimos leves com isso”, diz o músico integrante do Coral, Fábio Costa.

Essa é a segunda vez que o Coral Darpe está presente no Huop. A intenção, segundo a Comissão de Humanização do hospital, é realizar apresentações frequentes. “Receber estas apresentações trazem conforto, esperança e um energia positiva que anima nossos pacientes. E o benefício é geral, também para os funcionários, proporcionando um momento de leveza e de paz. É como receber um presente sem estar esperando, tornando este momento muito especial”, diz a fisioterapeuta e coordenadora da Comissão de Humanização, Luciana Wille Kawakami.

A coordenadora das comissões, Fátima de Oliveira, também acompanhou as apresentações e ressalta a importância dessas ações. “É importante oportunizar o conforto para os pacientes nesse momento. Isso traz muito ânimo e esperança na recuperação”, comenta. “E eles se conectam com a música, com a espiritualidade. É muito bonito”, complementa a membro da Comissão de Humanização, Eni Machado.

Nem Papa, nem bispo!

Na centenária Congregação Cristã no Brasil, não tem politicagem nem espaço para proselitismo. E as contas da igreja estão abertas

Postado em 03/03/2020 no site PITOCO



Cascavel, 19 horas de sábado: noite “mundana” de carnaval. Um ancião sobe ao púlpito no templo da Congregação Cristã no Brasil, em frente à Praça Rui Barbosa. Ele tem um calhamaço em mãos. É a assembleia anual de prestação de contas da igreja. Tim-tim por tim-tim, detalhado, auditado, aberto e transparente.

Na vasta “plateia”, à direita do ancião, homens vestindo terno e gravata. À esquerda, separadas deles, mulheres de cabelos cobertos por véus brancos. Entre aqueles que ouvem a pregação, estão médicos, advogados, engenheiros, magistrados, empresários e gente de todas as classes sociais.

O ancião chama-se Luiz Teixeira, 62 anos de Cascavel, mais de meio século de Congregação. Ele não é doutor, é cabeleireiro. E suas palavras simples, coloquiais, com alguma dificuldade na concordância, revelam sua efêmera passagem pela educação formal. “Não concluí nem o primário”, disse ele ao Pitoco, após o culto.

Luiz passa longe do perfil Edir Macedo, Malafaia, RR Soares ou Valdemiro do chapéu. A Congregação é o oposto disso. O pregador não pede dinheiro, não opera milagres. A igreja não tem programas milionários na TV, nem mesmo no rádio. Não abre o púlpito para discurso político.

“Se um membro com cargo na igreja decidir se candidatar, ele pode. Mas tem que se afastar do cargo e não terá espaço no culto para divulgação”, explica o ancião. Mais ainda: os congregados não podem sequer pôr o adesivo do “irmão” candidato no carro.

A Congregação não mistura fé com política. A força da denominação está no voluntariado. Ali todos são voluntários, inclusive os anciãos que comandam a pregação. Ninguém tem salário na igreja. Eles produziram a façanha de construir um templo com mais de 7 mil metros quadrados ao custo de menos de R$ 1 mil/metro quadrado - menos da metade um orçamento convencional.

A sabedoria secular dos congregados ganha relevância em um momento envenenado da política nacional, quando alguns católicos passaram a ofender o Papa por ter recebido Lula. Na outra ponta, outros condenam Bolsonaro por se ajoelhar para Edir Macedo, figura controversa da tal “teologia da prosperidade”.

Lula e Bolsonaro usam a fé do povo para obter votos? Alguns líderes religiosos se permitem usar com essa finalidade? São perguntas apenas. Provocado a respeito, o ancião da Congregação não quis manifestar sua opinião. Desprovido de canudo, mas sábio, ele não coloca o pé em bola dividida...