sábado, 20 de abril de 2013

Menina tem cabelos roubados em Rio Preto



Divulgação Band


Redação jornalismopp@band.com.br

Evangélica, a estudante de 15 anos nunca tinha cortado os cabelos, que mediam mais de um metro. Ela saía da escola, em Rio Preto, quando o inesperado aconteceu.

Ela conta que foi tudo muito rápido e não deu tempo de ver que tipo de objeto o ladrão usou para cortar os cabelos. A menina disse apenas que viu um homem alto, moreno, magro, usando uma blusa de frio que fugiu a pé levando os cabelos que estavam amarrados.

A família da estudante registrou um boletim de ocorrência e polícia investiga o caso, mas até agora não há pistas do autor desse crime.

O delegado que atendeu o caso estranhou o roubo. Ele disse que essa foi a primeira ocorrência do tipo a que teve conhecimento na cidade e é muito provável que o autor já tenha vendido os cabelos da menina no mercado informal.

Chateada, a jovem conta que tinha um cuidado todo especial com os cabelos e que ainda não acredita no que aconteceu.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Jovens evangélicos e o discurso de que "alegria de crente é diferente"

Elverson Cardozo,
Eloína (à esquerda), cantando hinos com grupo de amigos. (Foto: Elverson Cardozo)

Nas vezes em que recebeu convites para sair, curtir um show, ir a um bar ou boate, Rose Pereira dos Reis, de 26 anos, apelou para um desculpa velha, mas que tem dado resultado até hoje: “Tenho compromisso”. Em outras situações, a ajudante geral precisou ser mais direta e, sem receio, disparou: “Não posso frequentar esses lugares”.

Geralmente a conversa que começa assim acaba resultando em comentários desagradáveis, do tipo: “Você não sabe o que é diversão”. A resposta, porém, vem “na lata” e é certeira: “Alegria de crente é diferente”.

O Lado B resolveu ouvir as explicações de quem costuma usar esse discurso, comum entre a maioria dos jovens evangélicos, para dar vez e voz a quem defende a igreja e não larga a “cruz”, apesar das críticas.

Antes de “atirar pedras”, pare e pense. Deixe os estereótipos de lado e tente entender as declarações aqui apresentadas. A intenção passa longe de polemizar. O interesse, ao contrário, é mostrar como vivem e pensam esses jovens - muitos deles nascidos em “berço evangélico” - que “abandonam” conceitos adotados pela maioria e vivem para sustentar a própria religiosidade.

Rose, como qualquer criança, não teve como escolher que caminho queria seguir. Quando nasceu, os pais e toda família já frequentavam a CCB (Congregação Cristã no Brasil), uma das que tem doutrina mais rígida.
Batizada desde os 15 anos, Rose só sai com a turma da igreja. (Foto: Arquivo Pessoal)

A menina teve de acompanhar, mas quando cresceu e adquiriu discernimento não abandonou a “casa do senhor”. Batizada desde os 15 anos, Rose Pereira toca órgão na Congregação e não pretende sair da igreja porque diz ter encontrado a verdadeira felicidade.

Recusando convites que considerada “mundanos”, a ajudante diz, sem medo de errar, que sua maior diversão é servir a Deus e estar junto das pessoas com os mesmos costumes que o dela.

Alegria é ir para os cultos, passear com os amigos no shopping, no parque ou na sorveteria, por exemplo. “Na igreja eu conheci várias pessoas, que se tornaram meus amigos. Como cresci lá dentro, não conheci os costumes do mundo”, disse. Não é que considera “errado” quem adota postura diferente da dela, mas é que “o povo do mundo não tem o temor de Deus”, pontuou.

Proferindo a mesma fé, a estudante de enfermagem Eloina Matos Fonseca, de 20 anos, batizou com a mesma idade: aos 15 anos. Quando nasceu, apenas a mãe era da CCB.

A garota começou a frequentar a igreja aos 12 anos. No início, compreender a doutrina foi tarefa árdua. Eloína não concordava com nada do que era dito no púlpito, mas, com o tempo, aprendeu a ouvir o que estava sendo dito e descobriu que era preciso se entregar de corpo e alma.

Hoje, a acadêmica é uma das jovens que costuma dizer que a alegria do crente é diferente, e explica: “A maioria das pessoas que não são crentes, não são todos, se divertem em shows e festas, bebendo. Os crentes não. São ensinados a não viver assim, mas buscar coisas saudáveis”.

Shows, barzinhos e boates são lugares que ela não frequenta. Na avaliação da jovem, “há coisas que são erradas até para quem não é da igreja”. E para os evangélicos, acrescentou, não edificam em nada espiritualmente. “Tem músicas que ferem meus preceitos, tantos religiosos como moral. Há bebidas que acabam gerando confusão...”

Eloína, assim como Rose, se diz realizada com a vida que leva e não pensa em mudar. “Me sinto feliz com meus amigos. As pessoas tem a visão errada de que para se divertir é preciso fazer loucuras, desafiar as leis. É modinha ficar bebendo e brigar. Qualquer pessoa sensata defende a ideia de que não precisa de violência ou qualquer outro artifício imoral para se divertir”, acrescentou.

OUTRAS DENOMINAÇÕES

Bárbara Karla Reis Martins, de 19 anos é de outra denominação, da Igreja Evangélica Livre Filadélfia, mas pensa da maneira semelhante. A recepcionista também segue os princípios que a Bíblia defende, mas diz adotar o “bom senso” no dia-a-dia.

“Nada nos é proibido, mas sabemos que nem tudo nos convém”, resume, se referindo aos costumes como o uso de maquiagem e as vestimentas adotadas pelas irmãs.

A diversão do crente é, sim, diferente, avalia. “Não precisamos beber para nos divertir. As meninas não precisam usar o corpo para chamar a atenção”, exemplificou.

Ao invés de baladas, da “vida de noitadas”, o jovem evangélico, segundo a recepcionista, se alegra em tomar tereré, tocar violão com os amigos e sair para comer, por exemplo. Esse tipo de comportamento, considerado “conservador”, quando não "careta", acaba gerando críticas de todo lado.

Vinculado à Comunidade Cristã Elshaddai, Wagner Abdul Assen, de 24 anos, se considera radical por viver e pregar o “evangelho puro, aquilo que está escrito”, sem “mesclar” ideologias.

Pela postura, já foi criticado até pelos próprios crentes. “Já falaram que sou fanático, que isso é irreal, que Deus não existe e que não precisa disso”, revelou.

Mas ele se defende e diz que “tudo é uma questão de conhecimento teológico”. Na opinião do rapaz, quem se dispõe a criticar precisa, primeiro, conhecer as escrituras.

Quanto à diversão de jovens evangélicos, Wagner faz coro ao discurso das garotas e afirma que o crente se diverte muito mais dentro da igreja do que se estivesse “no mundo”, isto porque “a alegria é definitiva e não momentânea”. O cristão, explicou, não vive pelas influências e regras impostas pelo mundo.

“Não precisamos de nenhum alucinógeno ou cachaça para sermos felizes. Nós já somos alegres, já nos divertimos com nossos cultos, festas e celebrações”, disse, ao citar o último evento que participou na igreja: uma noite de rock, comandada por jovens da própria comunidade evangélica.